domingo, 28 de novembro de 2010

Remember....grande profissional!!!!

Há anos não comparava balinhas de Tic Tac, ontem vi o novo sabor de canela e resolvi apanhar....
O episódio me fez lembrar do Célio, viciado nestas balinhas.
Resolvi relembrar publicando a crônica que escrevi pra ele, quando faleceu.



Um idealista entre nós



Antes de tudo quero externar meu lisonjeio em poder homenagear este célebre jornalista, que para sorte de quem o conheceu poderá levar consigo todas as manias e pensamentos dignos de um autodidata, apaixonado pela sua profissão e ciente das suas responsabilidades como interlocutor da comunidade. Célio Vieira era um idealista permanentemente consolidado, que se destacava entre os demais como um homem cortês e bem relacionado. Era excêntrico em seus vícios, como quando espalhava todas as balinhas de “tic tac” no bolso de sua calça, porque afirmava que o batucar da embalagem o fazia sentir um chocalho de criança. Nos deixou no dia 07 de abril, sete dias depois de ter completado 67 anos de idade, sem alarde ou pompa, como era seu estilo. Feliz ou infelizmente, faleceu no dia nacional do Jornalista, data pela qual marcaram-se muitas conquistas, principalmente uma que vivenciou nos primórdios da profissão, o fim da censura e perseguição política sobre a imprensa.


Iniciou na carreira jornalística em 1958 como “foca” (denominação usada para profissionais principiantes e inexperientes no jornalismo) num periódico distribuído por uma igreja. Atuou como editor na RBS, que transmite a rede Globo para o sul do país. Em Palotina trabalhou como repórter em rádios AM, assessor de imprensa, editor e colaborador de jornal impresso, suas últimas reportagens foram publicadas pelo jornal Folha de Palotina.


“Dinocélio” - como se autodenominava por ser um dos jornalistas mais antigos da região sabia ouvir, mas também interpretar as palavras dos outros. Poucos foram tão hábeis neste afeito. Gostava de descobrir outros como ele, gente sem voz ou imagem que se transformava em personagens curiosos, através de suas palavras tão habilmente escolhidas e posicionadas demagogicamente no texto. Apreciador incondicional do jornalista Arnaldo Jabor, do qual aproveitava-se vez ou outra de seu estilo crítico e irônico em suas produções.


Evitava multidões, abominava festas ou eventos que reuniam muitas pessoas num único local e como todo tradicional jornalista antigo, não vivia sem a dupla inseparável - o cafezinho e o cigarro. Entrevistou muita gente. Dos oficiais e das dondocas tornou-se amigo (bobagem, não só destes, todos tornavam-se amigos de Célio).


No fim da sua vida, em consequência do câncer submeteu-se a uma cirurgia que o impossibilitou de se comunicar verbalmente, algo que fazia tão magnificamente. Lembro que pediu a um amigo que o fizesse um blog, o mundo cibernético antes o assustava, mas agora poderia abrir uma série de oportunidades. Infelizmente não deu tempo, o livro que ele escrevia também ficou pela metade. Sempre nos indagamos: porque tem que ser assim? Mas concluímos que nem sempre pessoas “grandes” vivem mais, porém o tempo necessário para fazer história.


Adeus amigo, descanse em paz. Procure sua turma aí no andar de cima e nos deixe aqui, saudosos pelas suas atitudes e repletos de boas lembranças desta convivência tão marcante.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Imprudência

Assustador, chocante, horrível.....

As fotos registram um acidente, que de cara matou três pessoas, e mostra a imprudência dos motoristas. O choque foi por causa de uma ultrapassagem incorreta. Aconteceu na BR-272, entre Maringá e Guaíra, e que pude registrar ao voltar de viagem.
A estrada é uma das principais rotas de sacoleiros que buscam o Paraguai para fazer compras, num fluxo diário de cerca de 40 mil veículos em 210 quilômetros.
O acidente causou um congestionamento de cerca de 10 Km e uma multidão de curiosos na pista.




domingo, 7 de novembro de 2010

A resposta da Califórnia


Os eleitores do Estado da Califórnia rejeitaram a legalização do cultivo e do consumo da maconha por 53% dos votos a 47%, uma decisão que considero muito equivocada. A legalização teria sido um passo importante na busca de uma solução eficaz para o problema da delinquência vinculada ao narcotráfico que, segundo o que acaba de ser anunciado oficialmente, já causou este ano o impressionante total de 10.035 mortes no México.

Esta solução passa pela descriminalização das drogas, ideia que há pouco tempo era inaceitável para a maior parte de uma opinião pública convencida de que a repressão policial aos produtores, vendedores e usuários de entorpecentes seria o único meio legítimo de pôr fim a semelhante praga.

A realidade revelou o quanto esta ideia é ilusória, à medida que todos os estudos indicavam que, apesar das astronômicas somas investidas e da gigantesca mobilização de efetivos para combatê-las, o mercado das drogas continuou a crescer. Ele se estendeu por todo o mundo, criando cartéis mafiosos de imenso poder econômico e militar que - como vemos no México desde que o presidente Felipe Calderón decidiu enfrentar os chefes traficantes e suas gangues de mercenários - pode combater em pé de igualdade, graças ao seu poderio, com os Estados nos quais conseguiram se infiltrar por meio da corrupção e do terror.

Os milhões de eleitores californianos que votaram a favor da legalização da maconha são um indício auspicioso de que cada vez é maior o número daqueles que pensam que chegou a hora de uma mudança na política para lidar com as drogas e de uma reorientação dos esforços - de repressão e prevenção, de cura e informação - no sentido de acabar com a criminalidade desaforada que é criada pela proibição e com os estragos que os cartéis estão infligindo às instituições democráticas, principalmente nos países do terceiro mundo. Os cartéis podem pagar salários melhores que o Estado e assim neutralizar ou pôr a seu serviço parlamentares, policiais, ministros e funcionários, financiando campanhas políticas e adquirindo meios de comunicação para defender seus interesses.

Desta forma, eles proporcionam trabalho e sustento a inúmeros profissionais nas indústrias, no comércio e nas empresas legais dentro das quais imensas quantias são lavadas. O fato de tantas pessoas dependerem da indústria das drogas cria um estado de tolerância ou indiferença diante das implicações deste mercado, ou seja, da degradação e da derrocada da legalidade. É um caminho que, mais cedo ou mais tarde, conduz ao suicídio da democracia.

A legalização das drogas não será fácil, é claro, e num primeiro momento, como assinalam seus detratores, trará sem dúvida um aumento no seu consumo. Por isso, a descriminalização só tem razão de ser se for acompanhada de intensas campanhas de informação sobre os prejuízos que esse consumo implica, semelhantes às que foram promovidas com sucesso para reduzir o consumo do tabaco em quase todo o mundo, e aos esforços paralelos para desintoxicar e curar as vítimas do vício.

Mas seu efeito mais positivo e imediato será a eliminação da criminalidade que prospera exclusivamente graças à proibição. Como ocorreu com as organizações de gângsteres que se tornaram todo-poderosas e encheram de sangue e cadáveres as ruas de Chicago, Nova York e outras cidades americanas nos anos da Lei Seca, um mercado legal acabará com os grandes cartéis, privando-os de seu lucrativo negócio e levando-os à ruína. Como o problema da droga é fundamentalmente econômico, sua solução também precisa passar pela chave econômica.

Sob a forma de tributos, a legalização trará aos Estados grandes recursos que, se forem empregados na educação dos jovens e na informação do público em geral a respeito dos efeitos nocivos que o consumo dos entorpecentes causa na saúde, podem trazer um resultado infinitamente mais benéfico e de alcance mais amplo do que uma política repressiva que, além de provocar uma violência vertiginosa e encher de insegurança a vida cotidiana, não fez retroceder o vício nas drogas em nenhuma sociedade.

Em artigo publicado no New York Times no dia 28, o colunista Nicholas D. Kristof cita um estudo presidido pelo professor Jeffrey A. Miron, de Harvard, no qual se calcula que a simples legalização da maconha em todo o território americano representaria uma arrecadação anual de US$ 8 milhões em impostos para o Estado, ao mesmo tempo poupando a este uma quantia proporcional habitualmente investida na repressão. Com esta gigantesca injeção de recursos voltados para a educação, principalmente nos colégios dos bairros pobres e marginalizados de onde sai a imensa maioria dos viciados, em poucos anos o tráfico de drogas seria reduzido neste setor social que é responsável pelo maior número dos casos de assassinato, delinquência juvenil e decomposição da família.

Kristof cita também um estudo realizado por ex-policiais, juízes e fiscais dos Estados Unidos, no qual se afirma que a proibição da maconha é a principal responsável pela multiplicação das gangues violentas e dos cartéis que controlam a distribuição e a venda da droga no mercado negro, obtendo com isso "imenso proveito".

Para muitos jovens que moram nos guetos negros e latinos, já muito atingidos pelo desemprego provocado pela crise financeira, essa possibilidade de ganhar dinheiro rápido com o crime se mostra irresistivelmente atraente.

A estes argumentos "pragmáticos" em defesa da descriminalização das drogas, seus adversários respondem com um argumento moral. "Será que devemos nos render ao delito em todos os casos nos quais a polícia se mostre incapaz de deter o delinquente, optando, assim, por legitimá-lo? Será que deveria ser esta a resposta para a pedofilia, por exemplo, para a violência doméstica, os crimes contra as mulheres e outros fenômenos que, em vez de recuar, aumentam por toda parte? Devemos abaixar a guarda e nos render, autorizando tais práticas diante da impossibilidade de eliminá-las?"

Não se deve confundir as coisas. Um Estado de direito não pode legitimar os crimes e os delitos sem negar a si mesmo e converter-se num Estado bárbaro. E um Estado tem a obrigação de informar seus cidadãos a respeito dos riscos que estes correm ao fumar, beber álcool e usar drogas, é claro. E também de impor sanções e penas severas àqueles que, por fumar, se embriagar ou usar drogas, causem danos aos demais. Mas não me parece muito lógico nem coerente que, sendo esta a política seguida por todos os governos em relação ao tabaco e ao álcool, não seja esta a política seguida também para o caso das drogas, incluindo as drogas leves, como a maconha e o haxixe, apesar de já ter sido provado que seu efeito não é mais nocivo do que o produzido pelo consumo excessivo de tabaco e álcool, podendo até ser menos maléficas do que estas duas substâncias legalizadas.

Não tenho a menor simpatia pelas drogas, sejam elas leves ou pesadas, e a figura do drogado, assim como a do bêbado, me parece bastante desagradável, na verdade, além de incômoda e inspiradora de desgosto.

Mas também me desagradam profundamente as pessoas que assoam o nariz na minha frente usando os dedos, que palitam os dentes ou comem frutas com sementes, caroços e cascas, e nunca me ocorreu defender uma lei que as proíba de fazê-lo e as castigue com a prisão caso a desrespeitem.

Liberdade. Por isso, não vejo por que o Estado teria de proibir uma pessoa adulta e dona do próprio juízo de causar mal a si mesma ao fumar maconha, cheirar cocaína ou encher-se de pastilhas de ecstasy se isto lhe agrada, alivia sua frustração ou sua apatia. A liberdade do indivíduo não pode significar o direito de fazer apenas coisas boas e saudáveis, mas também outras que não o sejam, respeitando a condição, é claro, de que estas não prejudiquem nem causem dano aos demais. Esta política, que se aplica ao consumo do tabaco e do álcool, deveria também reger o consumo das drogas. É perigosíssimo que o Estado comece a definir aquilo que é bom e saudável e aquilo que é ruim e prejudicial, pois tais decisões representam uma intromissão na liberdade individual, princípio fundamental de uma sociedade democrática.

Por este rumo podemos chegar sem perceber ao desaparecimento da soberania individual e a uma forma disfarçada de ditadura. E as ditaduras, como sabemos, são para os cidadãos infinitamente mais mortíferas do que os piores entorpecentes.

Fonte: Estadão

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Polêmica desnecessária....

Mudança causa desconforto, logo, era óbvio que uma descomunal polêmica aconteceria em Palotina. Um acordo de “cavalheiros” firmado entre ACIPA e Sindicato dos Empregados propôs aos comerciantes manterem aberto o comércio no segundo sábado de cada mês até às 16h. Lembro-me, a medida é facultativa - significado da palavra - “Que se pode fazer ou não, que não é obrigatório”.

Mesmo assim, por falta de polêmicas em Palotina, o assunto vigorou e gerou pauta nas conversas mais informais, transgredindo, é claro, para a mídia. Neste ponto, foi feito um abaixo assinado que conteve 200 assinaturas (não cheguei a ver esse documento, mas deu um ti-ti-ti por causa dele). Em seguida o Sindicato rompeu com a ACIPA e desfez publicamente o acordo desobrigando funcionários de trabalharem neste período.

A ACIPA, através da presidente, apresentou através de ofício o seu posicionamento: “O empresário que quiser manter seu estabelecimento aberto aos sábados da forma inicialmente sugerida, poderá fazê-lo, desde que não conte com mão de obra de terceiros, frise-se que não compete a ACIPA obrigar ou proibir a abertura do comércio no 2° sábado de cada mês.””

O comunicado dizia ainda que esta era uma tentativa de inovação e empreendedorismo, visando atrair a atenção do consumidor para o comércio local e gerar novas oportunidades de lucratividade para as empresas, a exemplo de municípios vizinhos.

Pare e pense:

- a medida é facultativa;

- dia 14 de novembro é o vestibular da UFPR, mais de mil alunos de outras cidades virão a Palotina, como a prova é de manhã a maioria vem no sábado a tarde para cá. O que eles terão pra fazer na cidade?

- promover coquetéis e promoções em dias diversificados atraem a freguesia;

- quantos não vão ao PY aos sábados a tarde?

- é apenas 1 vez por mês – 2h30min a mais de horas extras;

É certo que meu cargo na ACIPA pesa um pouco nas minhas palavras sob o assunto e nem pretendo condenar ninguém por pensar diferente. Apenas quero expor uma situação interessante do empresário oferecer algo a mais para os clientes. Não custa tentar, como é FACULTATIVO, se não for viável não precisa abrir. A presente questão instiga a concorrência, temida por muitos que não se atualizam.

Mas, como toda mudança causa desconforto, discussões acaloradas ainda acontecerão.

Porém, vale a pena insistir em algo que futuramente possa fazer a diferença para o desenvolvimento local.